O vento cobriu subitamente o rosto da mulher e Mónica não pôde ver-lhe os olhos. Logo a seguir, porém, uma rajada mais forte pô-los a descoberto. Os olhos verdes faiscavam febrilmente, malignos, a destilar ódio. Foi percorrida por um arrepio. Sentindo-se petrificada de terror, viu-a aproximar-se mais de si. Queria erguer-se e fugir, mas o corpo não lhe obedecia.  Sentia o vento assobiar-lhe aos ouvidos, mais forte agora, mais poderoso. As ondas rebentavam violentamente, perigosamente, algumas dezenas de metros mais abaixo. — O que me fizeste? — perguntou debilmente. A outra riu-se. O som da sua gargalhada ecoou e perdeu-se ao longe. — Misturei algo no teu chá para te ajudar a relaxar, apenas isso. Não se via ninguém por perto e Mónica sentiu o medo aumentar exponencialmente. — O que queres de mim? Os olhares de ambas cruzaram-se. A outra riu-se de novo. — Chegou o momento do ajuste de contas. Mónica viu-lhe os olhos febris, malignos. E, então, a mulher deu um passo na sua direcção.