Entre as muitas e muito importantes reflexões que aí faz ensina-nos que um cirurgião é sempre e antes de mais um médico que, para além do saber, da ciência, da técnica e da destreza cirúrgica, vê sempre em quem sofre, um humano seu igual que dele precisa. Nas reflexões que nos transmite e nos episódios que nos conta, o Professor José Fragata – sem imagens ou frases pretensiosas nem clichés por demais batidos – não só maneja a escrita com a destreza com que sempre manejou o bisturi como nos permite também uma visão sobre o seu próprio percurso profissional, sobre a sua excepcional carreira e sobre a sua experiência de respeitadíssimo cirurgião-cardíaco que sempre primou por uma constante busca da excelência e perfeição. (…) Porque a primeira condição que se exige a um cirurgião é que, intrinsecamente, seja um médico! Isto é, que tenha, desde o início da sua formação interiorizado que pouco interessa a sua maior ou menor habilidade manual, o seu maior ou menor gosto por esta ou aquela técnica usada nas diversas especialidades da medicina, se não tiver entendido que essa habilidade manual e esse particular gosto só fazem sentido quando postos ao serviço do doente e não ao serviço da sua própria honra e glória.